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domingo, 1 de fevereiro de 2009

A TERAPIA COGNITIVO-COMPORTAMENTAL

A TCC: PRESSUPOSTO, OBJETIVOS, APLICAÇÃO E TÉCNICAS
Maria Inês Oliveira Santos

A visão teórica da TCC está baseada na idéia de que os sentimentos e os comportamentos do indivíduo são determinados pelo modo como ele estrutura o mundo e suas cognições. Deste modo, a finalidade do terapeuta Cognitivo-Comportamental é produzir mudanças cognitivas, isto é, mudanças no pensamento e nas crenças do paciente com o objetivo de que ocorra uma transformação emocional e comportamental duradoura (CORDIOLI, 2008).
Segundo Hawton (1997), grande parte do tratamento da TCC fundamenta-se no aqui e agora, tendo como principal foco ajudar a promover mudanças na vida das pessoas que buscam a psicoterapia. A solução de problemas constitui uma parte importante para enfrentar estes mesmos problemas identificados com o terapeuta.
Através desta abordagem, o paciente pode identificar distorções cognitivas, corrigi-las e apresentar melhora clínica, ou seja, com ela o paciente reavalia e corrige seus pensamentos. Ele é educado a agir e a pensar de modo mais realista e adaptado em relação aos seus problemas psicológicos, reduzindo, assim, os seus sintomas (CORDIOLI e cols, 2008).
O primeiro passo no processo terapêutico é explicar ao paciente o modelo cognitivo, o que são os pensamentos automáticos e como identificá-los, se são funcionais ou disfuncionais, o foco da TCC é trabalhar os últimos, modificando-os para redução dos sintomas. Após aliviar os sintomas, o foco passa a ser as crenças que sustentam os pensamentos disfuncionais.
Por meio da TCC, o paciente pode identificar seus pensamentos automáticos e crenças, consequentemente, apresentar melhora clínica.
A terapia cognitivo-comportamental, trata, conforme Ito (1998):
• depressão;
• fobia social;
• fobias específicas;
• transtorno de pânico;
• transtorno de estresse pós-traumático;
• transtorno obsessivo-compulsivo;
• dependência de substâncias psicoativas;
• disfunções sexuais;
• transtornos alimentares;
• transtornos de ansiedade na infância e na adolescência.

A terapia cognitiva é também indicada para pacientes de diferentes níveis sociais, de educação; ela foi adaptada para trabalho com idoso, criança e também para o trabalho com grupos, terapia de casais e para terapia familiar. O terapeuta busca de toda maneira produzir mudanças cognitivas, ou seja, no comportamento ou no sistema de crenças do paciente, com o objetivo de promover mudança emocional e comportamento duradouro. Na terapia cognitiva existem dez princípios, os quais são necessários para obtenção de resultados positivos (BECK, 1997):

Princípio N º 1- A terapia cognitiva se baseia em uma formulação em contínuo desenvolvimento do paciente e de seus problemas em termos cognitivos;

Princípio N º 2 – A terapia cognitiva requer uma aliança terapêutica segura;

Princípio N º 3 – A terapia cognitiva enfatiza colaboração e participação ativa do paciente no processo terapêutico;

Princípio N º 4 – A terapia cognitiva é orientada em meta e focalizada em problemas;

Princípio N º 5 – A terapia cognitiva inicialmente enfatiza o problema;

Princípio N º 6 – a terapia cognitiva é educativa, visa ensinar o paciente a ser seu próprio terapeuta e enfatiza prevenção de recaída;

Princípio N º 7 – A terapia cognitiva visa ter um tempo limitado;

Princípio N º 8 – As sessões de terapia cognitiva são estruturadas;

Princípio N º 9 – A terapia cognitiva ensina os pacientes a identificar, avaliar e responder a seus pensamentos e crenças disfuncionais;

Princípio N º 10 - A terapia cognitiva utiliza uma variedade de técnicas para mudar o pensamento, humor e comportamento.

Aplicação de Técnicas Cognitivo-Comportamental:
De acordo com Rangé (2001), as técnicas utilizadas na Terapia Cognitiva- Comportamental têm sido demonstradas de modo eficaz por estudos empíricos realizados ao longo dos últimos anos. Atualmente dispõe-se de uma ampla gama de tratamento de diversos problemas psiquiátricos, tais como: transtorno de ansiedade, depressão, disfunção sexual, distúrbios obsessivos compulsivos e alimentares.
As técnicas psicoterapêuticas da TCC seguem alguns princípios, pois se baseiam em idéias de que mudar as cognições ou comportamentos, reduz os sintomas e pode auxiliar pacientes portadores de uma variedade de problemas a buscar da solução (SUDAK, 2008).
O referencial metodológico e prático da teoria Cognitivo-Comportamental permite que se utilizem várias técnicas, tanto individuais como em grupo, com o intuito de se trabalhar habilidades de relacionamento, estilo de vida, ajustamento social, redução do estresse, resolução de problemas etc., permitindo, assim, mais controle sobre a situação (CABALLO, 1996). Vale ressaltar que a TCC é uma abordagem a qual enfatiza a psicoeducação.
Conforme Sudak (2008), cada sessão da TCC tem uma estrutura específica, o que se dá devido a várias razões, pois esta estrutura garante que qualquer mudança nos sintomas ou exacerbação do transtorno seja determinada no começo da sessão.
Isto quer dizer, a terapia emprega tratamentos comportamentais que incluem o uso da aplicação de tarefas graduais, nos quais pacientes desenvolvem uma lista com objetivos que não costumavam buscar ou de problemas que não resolviam, porque tinham pensamentos disfuncionais os quais interferiam nessas atividades.
Durante o processo terapêutico, várias técnicas são ensinadas ao paciente, para que ele próprio possa identificar pensamentos, emoções, e que, por meio de cada atividade, aprenda a resolver melhor seu problema.
Os terapeutas Cognitivo-Comportamentais, além da entrevista utilizam-se de outros instrumentos para complementar na sua avaliação e busca de resolução dos casos. Embora existam muitas, as mais utilizadas como instrumentos terapêuticos e educativos são: Registro do Pensamento ou Auto-Monitoria (Greenberg e Padesky, 1999); inventários Beek de Depressão-BDI (Beek, Ward, Mendeslson, Mack & Erbaugh, 1961), da Ansiedade – BAI (Beek & Steer, 1990); Inventário de Assertividade (Gambrill e Rickey, 1985) para avaliar as habilidades sociais, escala Yale-Brown para transtorno obsessivo compulsivo Y-BOCS (Goodman & Cols, 1989) que identifica os sintomas, duração, interferência, resistências do cliente, dentre outros (RANGÉ, 2001).
De acordo com Dattílio & Freeman (2004), é importante que o trabalho terapêutico se estenda através de ”Tarefas entre sessões”, que o paciente deve levar para si fora do setting terapêutico. É dessa forma que se evita a “dependência crônica” do paciente ao terapeuta. Sabemos que tem que existir a dependência entre o paciente e o terapeuta, mas só em forma de enfrentamento de crises. As tarefas entre sessões também são importantes para reforçar o trabalho terapêutico, dar um maior foco à terapia, principalmente em paciente com pouca autonomia.
A tarefa precisa fluir do material trabalhado na sessão, em vez de ser anexado no final da sessão simplesmente porque a TCC “deve” fluir. Quanto mais significativa e colaborativa a tarefa, maior a probabilidade de o paciente concordar com o regime terapêutico. O objetivo dessas tarefas devem ser claros e operacionais. O ideal é selecionar de três a quatro tarefas para cada intervalo entre sessões, solicitando o registro dos exercícios num caderno específico e propondo a freqüência e o tempo que o paciente deverá dedicar-se a elas (Sudak, 2008).
Sugestões para o bom andamento da terapia, segundo o medelo cognitivo abaixo:
• Estabeleça um relacionamento com o paciente e construa um rapport;

• Faça uma avaliação inicial gravidade da situação de crise;

• Ajude o paciente a avaliar e mobilizar suas forças e recursos;

• Trabalhem juntos para criar um plano positivo de ação;

• Teste ideias e novos comportamentos.



CABALLO, V. E. (Ed). Manual de técnicas de terapia e modificação do comportamento. São Paulo: Livraria Santos Editora, 1996.
CORDIOLI, Aristides Volpato (Org.) Psicoterapias: abordagens atuais. Porto Alegre: Artes Médicas, 2008.
DATTILIO, E. M. & FREEMAN A. Estratégias Cognitivo- Comportamentais de intervenção em situações de crise. Porto Alegre: Artmed, 2004.
HAWTON, Keith (Et.al.) Terapia cognitivo-comportamental para problemas psiquiátricos: um guia prático. São Paulo: Martins Fontes, 1997.
RANGÉ, B. Psicoterapia Cognitivo-Comportamentais: Um Diálogo com a Psiquiatria. Porto Alegre: Artes Médicas, 1998.
SUDAK, Donna M. Terapia Coginitivo-Comportamental na Prática. Tradução de Ronaldo Cataldo Costa. Porto Alegre: Artmed, 2008.

Um comentário:

Unknown disse...

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